Autofagia Intelectual - Crônica reflexiva - Revisão 1
Autofagia Intelectual
Crônica reflexiva
Todavia, irei recordar-me de tudo que amanheceu em minha mente.
Escreverei cada frase de forma diferente, pois, no processo de deleite da plena criação e a transcrição do produto da inspiração, me possibilitará transpirar esquecimentos.
Agora, já refeito das perdas neste intento, escrevo não aquilo que amanheci sabendo, mas o tardio aprendizado que intui ter retido...
Palavras que se diferem por letras, algumas tão semelhantes, mas de conteúdos distintos, tão distintos que devo recordar a qual eleger; palavra que expresse em frase, o discurso existencial do momento, do meu momento, que não é somente meu.
Pausa intencional para as correções; dispensando a neutralidade, usando a intencionalidade para dar forma compreensível a inspiração.
Retomando a escrita; descrição de um mundo covarde, na valentia de se ter esperança de uma versão melhor de si mesmo e do entorno. Entorno este não moldável, esculpido nas possibilidades, limitações e avanços em meio a retrocessos analíticos e ou atônitos da realidade tão falsa como a percepção de um bêbado, alegre este, por descordar dos resultados, inabilitando-se na descrição das causas e aperceber-se nas conseqüências.
Sim, sou a favor do uso do trema...
Abjeto social, do absinto diatópico necessário para existir; cambaleante de vontades e trêmulo de conjecturas impostas... a pura autofagia intelectual.
Leio a mim mesmo, num idioma que traduz tanto o conhecimento de mim, a falta do mesmo e a impermanência dos relacionamentos casuais ou não.
O tempo, talvez, seja simplesmente a extinção do espaço; ou a ampliação do mesmo. Tudo é inexplicável até ser-lo vivido, existido além de um instante; permanências transitórias das percepções da verdade; dela mesma em sua derradeira prisão de decisões e aplicações. Um rabo é um rabo, mas pode ser de um elefante ou de um mico-leão...
O que creio que sei, até este momento, é que, a insatisfação humana é que o nascer implica em distanciar-se deste ato para propiciar o existir; e o existir se projeta do morrer. Esta aproximação permite ao humano a inigualável verdade desvelada que o tempo é curto o suficiente para que durante a existência humana se perceba que morreram muitos passos, mas ainda se está aqui. E quando não, se estará em outros lugares, “sub-atomicamente” diferente de todas as versões melhores de si mesmo. Pó! ...
O pó que retorna já não é o mesmo que compactamente foi criado; esfarelado pelos percalços da aprendizagem humana; o pó, já não se percebe só. Estará eterno nas recordações de amores por muito tempo e nos desamores por tempo demais do ato da absolvição. Ninguém é santo...
Saindo da “otáriolândia” com outro passaporte. Nela a origem é questionável; ou pior, de origem questionável.
Ter-se tanta fome física, sucumbe à fome espiritual por não se nutrir de efetividade. Talvez seja esta, a arma social mais eficaz em favor do mau; abandonar o estado humano na formação da verdade e distribuir migalhas ideológicas das perversões de palavras e ideias... sociopatia em cargos de poder...
Pausa para o desagüe de lágrimas diante desta realidade distópica, sendo a mesma tópica... porque penso eu que, a má realidade é sempre ectópica. A descrição falada sempre está fora do lugar habitual do senso comum.
Aonde se encaminha a humanidade se não a busca da morada perdida...
O humano perdeu-se de si, a própria percepção de humanidade é simplesmente, hoje, funcional...
O mais próximo que a maldita realidade oferece é o cajado da sociopatia para dar-se a impressão de onde está e como está; sendo a absoluta propriedade da conquista pessoal por subjugação.
Humano funcional, é a maior traição da perfeição. Deixou-se de errar nas buscas dos acertos para encadear-se nos acertos dos erros.
Fazendo o ter, ser mais importante do que o ser existência, compatível em sua essência de criação.
O Eterno cria e o humano descobre.... Descobre-se nu!
Nudez de espírito sendo humano, ilimitado nas possibilidades e limitado no tempo e espaço de ser tudo aquilo que se pode ser.
Eu amo demais como o Eterno se apresenta; de uma forma pessoal, usa a intrínseca verdade das palavras, para se dar a entender ao limitado a quem ELE ama.
O limitado quer saber o nome do Eterno e ELE responde: Diga ao detentor do poder momentâneo que eu: - Serei o que decidir ser.
Belo é este desprendimento do Eterno; dar-se-á a oportunidade de compreensão às indagações, até mesmo, imaginativamente produzida por pronúncias de outros, em outros momentos. Sim, o Eterno é amor; o humano tem amor. Se o sente ou não, é uma questão de decisão...
Neste processo de catarse, vou me acalmando, perdendo-me de mim mesmo e encontrando-me em paz...
Vi, dias nascerem, aquecendo o meu ser; tocando-me em momentos felizes e em outros nem tanto. O que aprendi apreciando o transcurso é que o dia que nasceu, existiu, sempre se vai. Nunca é igual...
A minha percepção mesmo sendo adoravelmente mutável, por prisão de outros na qual me coloquei, eu percebo tudo igual e não vejo a essência da mutação. Não é adulterar a essência, mas sim, vivenciá-la durante a existência de acordo com as novas versões de si mesmo.
Sempre será uma questão de decisão e execução.
A solidão nunca aquece o frio da não-convivência. A hipotermia social é tão notória que inventamos não a vê-la; somente admiti-la para outros...
Egoísmo entre semelhantes, iguais nos erros acalentados e esperançosamente diferentes nos acertos que buscam ou neles tropeçam...
Pausa para sentir as lágrimas sendo aquecidas pelo iniciante raio solar...
Evaporam-se razões, o ódio da inércia se apodera, a reconstrução necessita de reparos e o confronto na inabilidade de seguir, constitui-se em cicatrizes tão relevantes que urge dar-nos a elas, mais que um sentido; um relato fidedigno da realidade registrada. Sim, foi assim! ...
Lacrimações...
(Autofagia Intelectual - Crônica reflexiva
(Escritor Lúcio Alex. Belmonte – A Essência do Óbvio)
31/03/22 – 8:28 - Numa quinta-feira, num outro país.