miércoles, 27 de abril de 2022

Autofagia Intelectual - Crônica reflexiva - Revisão 1

 Autofagia Intelectual

Crônica reflexiva


Todavia, irei recordar-me de tudo que amanheceu em minha mente.

Escreverei cada frase de forma diferente, pois, no processo de deleite da plena criação e a transcrição do produto da inspiração, me possibilitará transpirar esquecimentos.

Agora, já refeito das perdas neste intento, escrevo não aquilo que amanheci sabendo, mas o tardio aprendizado que intui ter retido...

Palavras que se diferem por letras, algumas tão semelhantes, mas de conteúdos distintos, tão distintos que devo recordar a qual eleger; palavra que expresse em frase, o discurso existencial do momento, do meu momento, que não é somente meu.

Pausa intencional para as correções; dispensando a neutralidade, usando a intencionalidade para dar forma compreensível a inspiração.


Retomando a escrita; descrição de um mundo covarde, na valentia de se ter esperança de uma versão melhor de si mesmo e do entorno. Entorno este não moldável, esculpido nas possibilidades, limitações e avanços em meio a retrocessos analíticos e ou atônitos da realidade tão falsa como a percepção de um bêbado, alegre este, por descordar dos resultados, inabilitando-se na descrição das causas e aperceber-se nas conseqüências.

Sim, sou a favor do uso do trema...


Abjeto social, do absinto diatópico necessário para existir; cambaleante de vontades e trêmulo de conjecturas impostas... a pura autofagia intelectual. 


Leio a mim mesmo, num idioma que traduz tanto o conhecimento de mim, a falta do mesmo e a impermanência dos relacionamentos casuais ou não.

O tempo, talvez, seja simplesmente a extinção do espaço; ou a ampliação do mesmo. Tudo é inexplicável até ser-lo vivido, existido além de um instante; permanências transitórias das percepções da verdade; dela mesma em sua derradeira prisão de decisões e aplicações. Um rabo é um rabo, mas pode ser de um elefante ou de um mico-leão...


O que creio que sei, até este momento, é que, a insatisfação humana é que o nascer implica em distanciar-se deste ato para propiciar o existir; e o existir se projeta do morrer. Esta aproximação permite ao humano a inigualável verdade desvelada que o tempo é curto o suficiente para que durante a existência humana se perceba que morreram muitos passos, mas ainda se está aqui. E quando não, se estará em outros lugares, “sub-atomicamente” diferente de todas as versões melhores de si mesmo. Pó! ...

O pó que retorna já não é o mesmo que compactamente foi criado; esfarelado pelos percalços da aprendizagem humana; o pó, já não se percebe só. Estará eterno nas recordações de amores por muito tempo e nos desamores por tempo demais do ato da absolvição. Ninguém é santo...


Saindo da “otáriolândia” com outro passaporte. Nela a origem é questionável; ou pior, de origem questionável.


Ter-se tanta fome física, sucumbe à fome espiritual por não se nutrir de efetividade. Talvez seja esta, a arma social mais eficaz em favor do mau; abandonar o estado humano na formação da verdade e distribuir migalhas ideológicas das perversões de palavras e ideias... sociopatia em cargos de poder...


Pausa para o desagüe de lágrimas diante desta realidade distópica, sendo a mesma tópica... porque penso eu que, a má realidade é sempre ectópica. A descrição falada sempre está fora do lugar habitual do senso comum.


Aonde se encaminha a humanidade se não a busca da morada perdida...

O humano perdeu-se de si, a própria percepção de humanidade é simplesmente, hoje, funcional...

O mais próximo que a maldita realidade oferece é o cajado da sociopatia para dar-se a impressão de onde está e como está; sendo a absoluta propriedade da conquista pessoal por subjugação.


Humano funcional, é a maior traição da perfeição. Deixou-se de errar nas buscas dos acertos para encadear-se nos acertos dos erros. 

Fazendo o ter, ser mais importante do que o ser existência, compatível em sua essência de criação.

O Eterno cria e o humano descobre.... Descobre-se nu!


Nudez de espírito sendo humano, ilimitado nas possibilidades e limitado no tempo e espaço de ser tudo aquilo que se pode ser.

Eu amo demais como o Eterno se apresenta; de uma forma pessoal, usa a intrínseca verdade das palavras, para se dar a entender ao limitado a quem ELE ama.

O limitado quer saber o nome do Eterno e ELE responde: Diga ao detentor do poder momentâneo que eu: - Serei o que decidir ser.


Belo é este desprendimento do Eterno; dar-se-á a oportunidade de compreensão às indagações, até mesmo, imaginativamente produzida por pronúncias de outros, em outros momentos. Sim, o Eterno é amor; o humano tem amor. Se o sente ou não, é uma questão de decisão...

Neste processo de catarse, vou me acalmando, perdendo-me de mim mesmo e encontrando-me em paz...


Vi, dias nascerem, aquecendo o meu ser; tocando-me em momentos felizes e em outros nem tanto. O que aprendi apreciando o transcurso é que o dia que nasceu, existiu, sempre se vai. Nunca é igual...

A minha percepção mesmo sendo adoravelmente mutável, por prisão de outros na qual me coloquei, eu percebo tudo igual e não vejo a essência da mutação. Não é adulterar a essência, mas sim, vivenciá-la durante a existência de acordo com as novas versões de si mesmo. 

Sempre será uma questão de decisão e execução.


A solidão nunca aquece o frio da não-convivência. A hipotermia social é tão notória que inventamos não a vê-la; somente admiti-la para outros...

Egoísmo entre semelhantes, iguais nos erros acalentados e esperançosamente diferentes nos acertos que buscam ou neles tropeçam...


Pausa para sentir as lágrimas sendo aquecidas pelo iniciante raio solar...



Evaporam-se razões, o ódio da inércia se apodera, a reconstrução necessita de reparos e o confronto na inabilidade de seguir, constitui-se em cicatrizes tão relevantes que urge dar-nos a elas, mais que um sentido; um relato fidedigno da realidade registrada. Sim, foi assim! ...


Lacrimações...


(Autofagia Intelectual - Crônica reflexiva 

(Escritor Lúcio Alex. Belmonte – A Essência do Óbvio)

31/03/22 – 8:28 - Numa quinta-feira, num outro país.


jueves, 14 de abril de 2022

PASSAGEM

 

PASSAGEM

Tua páscoa é passagem ou prisão?

Trocas cordeiro por coelho que ovo não bota.

Tira erva amarga, por conveniência, e adoça a falsidade do consumir.

Adulteras leis pelos representando o mau que deificas.

 

A religiosidade mata a espiritualidade; entorpece as ponderações que a verdade do óbvio nos dá.

 

Que presente mais amargo, saber que erros foram pagos por aquele que nunca pecou, e o fez em teu e no meu lugar.

Páscoa é passagem, é liberdade, que aquele que nos criou, nos dá.

Destes grilhões falsos virtuosos de conquistas passageiras, rompe-se, e a liberdade ficou acessível; mas nunca a disposição. Disponível está, somente para àqueles que O seguem; não por tradições, mas por tê-lo tão presente em seu presente, que maravilhados ficamos e presentes damos.

Qual é o presente mais caro que se pode dar, o melhor que se pode forjar com os anos, do que aquele que é único; que se pode guardar nas recordações de poucos ou de muitos; que é a beleza de ter vivido imputável, apesar de passível de punição, por trair a confiança daquele que em nós depositou vida.

 

A existência de um somente é significativa se deixa lapidada nos corações de outros, a liberdade que a vida propicia em uma versão melhor de si mesmo.

 

Existir somente é válido e pleno quando tem excelência no coexistir.

A solidão é um abraço, que no princípio, imita o aconchego, mas com o tempo, vai se tornando mais forte, aperta o tempo e o espaço, enfraquece as recordações e sufoca num abandono entre muitos.

 

Páscoa é passagem, nunca um ficar escondido de medo. É um compartilhar em existências, com a tão presente graça, esta que damos graças a quem nos entregou.

 

Páscoa é ativar o recordatório do sacrifício que ELE a seu ungido, nos enviou.

 

Páscoa é passagem, de ir-se da individualidade à família, ao povo que caminha, com os mesmos passos, numa estrada que decidimos caminhar.

 

Páscoa é mais que somente recordar, é existir a cada passo, tão presente como a dor do pecado e o alívio da salvação.

 

Páscoa é a passagem que apesar da dor, nos faz salvos de nós mesmos, que nos permite ser no outro, excelentes recordações...

 

Páscoa é o nascer, o existir, o saber que hoje, agora, podes estar na antessala da morte; esta que não apaga os erros, mas o reveste de sacrifício daquele que te amou.

 

Páscoa és saber que o outro é tão divino, porque criado em eternidade foi, e merece ser amado, como tu; mesmo que, a eternidade vista, dure tão pouco.

 

Páscoa é o sacrifício da decisão, todos os dias, de se importar com o teu irmão...

 

Páscoa é gratidão que existe nos olhos da alma de um pecador.

 

Não tem sacrifício mais doce; nem dos doze; somente um que soube nos amar.

 

O espírito que habita a alma imperfeita dos humanos, neste corpo passageiro; dá-nos a eternidade para se viver a cada dia de existência. Compartilhá-la é uma bênção!

 

Passagem.... Não se esqueça de quem foi, quem tu se tornaste hoje e recordes que poderás conquistar uma versão melhor de ti mesmo, num futuro que se comparte hoje.

 

(A essência do óbvio - Lúcio Alex. Belmonte)

 

14/04/2022 12:12 ao sul do planeta Terra.

lunes, 11 de abril de 2022


O Amigo Tempo

 

Sim, o tempo é amigo e tem família e familiares, até amigos, humanos (por se acaso).

O tempo tem milésimos de segundos, segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos...

 

O amigo humano nos olha e nos vê em aspectos passados, presentes e futuros...

Este tempo que percebemos ou concebemos é estritamente para o humano, o tempo é uma expressão humana. O tempo é o presente.

 

O aspecto presente do tempo é incontestável, talvez, por uns, não tão bem percebidos ou perceptivo como fato, somente como conseqüência óbvia.

 

Na recordação de passos com o amigo, descontruímos o presente de vários presentes e os encapsulamos num passado conveniente, nem sempre restritamente compatível com a verdade do óbvio.

 

O nosso amigo se desgarra até mesmo da objetividade e lança-se a subjetividade criativa; dando-nos um aspecto a mais, a objetividade questionável e imprecisa da utopia e a reveste como sendo um futuro a ser vivido. Mas, qual é a dimensão real dos conteúdos “novos” do futuro se este é premiado com passados questionáveis e esperanças mutáveis; o que sei é que quando o futuro chega se vai de vez. Dar-se lugar ao presente, deste que colocaremos recordações em vislumbres presentes de um passado que em algum momento foi futuro, quase presente.

 

Sim, filha; o tempo é um amigo. Reflete o que somos no momento sem sê-lo verdadeiramente igual, talvez, de questionada semelhante num próximo presente que virá.

 

O tempo é a nossa realidade neste momento; em nossas fases perceptivas do óbvio.

Sim, é verdade que tenho recordações de ti, antes mesmo de que tenhas nascido, gestei o teu presente entre passados e futuros desejados, num espaço de um tempo programado de nove meses..., mas, o que sei é que o presente da concepção, gestando-se numa versão melhor de si mesma em todos os seus presentes, é uma verdade óbvia; e alegro-me por ti!

 

Neste presente dos nossos presentes, tenho muitos segredos a compartilhar contigo, e agora, eu revelo um deles... O tempo tem suas pausas...

Portanto, dar-nos-emos o momento das pausas, onde o tempo repousa e revigora-se.

 

Neste exato momento, escrevo-lhe de pé. Diante do meu computador pessoal, reconheço-te em todas as entrelinhas de minha existência. Como é bom passar dos sessenta.... Sinto-me preparado para dirigir-me em uma autoestrada veloz, mas num compasso compassível e de velocidade requerida por minha teimosia em estar vivo; a descortinar outros momentos presentes contigo. Cumplicidade de existências...

 

Saiba que o tempo rege o caminho e teus passos, mas, somente com a tua permissão. Sonhe hoje, reescreva feliz o teu passado e desfrute em ser quem tu és, sempre. Sempre é o melhor presente que o tempo nos dá.

Sempre seremos uma versão melhor de nós mesmos... Sempre! Tudo é uma questão de decisões...

 

O amigo tempo já estava lá, no momento de concepção; mesmo sendo arrebatado pelo êxtase do além espaço e tantas outras fusões.... Na gestação, dava os determinados caminhos e passos e nós três; eu, tua mãe e tu, descrevíamos o determinante do presente; cuidando-nos, alimentando-nos em todos os processos de formação.

Chegara o momento de nascer, que é a plenitude do conhecimento; um aprendizado eterno, por suposto, mas de uma beleza incomparável... um mistério de existência que perdurará até... ou após o até... dependerá sempre das decisões que tatuarmos nas recordações de humanos que somos.

 

Neste mistério agora descrito a ti, digo-te que quero ser um ser em convívio do que simplesmente um ser lembrado ou até mesmo recordado com certo carinho.... Sim, eu sei, esta é a magia do tempo, abre-se espaço para deixar a maior parte de coisas boas e desprender-se dos erros comuns de ser o que se foi.

 

Digo-te filha, algo que realmente poderás comprovar, agora mesmo; o tempo é amigo. Estamos vivos agora e perduraremos além das recordações...

Agora somos imortais, até quando esta aparência de imortalidade dure.

 

Um dos mistérios desvelados mais difíceis de se aprender é que o tempo programado para o futuro se faz hoje, e sim, poderemos descartar tudo o que quisermos do nosso passado, para hoje, esculturar o nosso futuro. Simples assim!

 

Um exemplo lhe dou: - No meu passado, fui aluno exemplar e campeão no curso de datilografia..., mas, até comprar e entender as nuances do teclado de um computador, demandou-se.... Esquecimentos.... É assim mesmo, ás vezes demanda esquecer algo, apagar recordações para dar-se a oportunidade de aprender algo novo...

 

O tempo numa decorrência de espaços é um excelente professor; mas saiba que, dependerá muito da excelência do aluno.

A maestria está em ti, para ti e quando decidas compartilhá-la com quem realmente decidiu aprender. -_- !

 

Saiba, minha filha, que o mistério é a companhia do tempo e que se desvela na cumplicidade do óbvio; e se este for compartilhado, melhor será.... Excelente é!

 

Tens vinte e um anos de momentos todos seus e prestes a cumprir vinte e dois anos de momentos.... Uau! São mais de duas décadas de presentes tão presentes. Realmente, recebemos o presente! Tua existência é um mistério que posso fazer parte, contemplar o todo e vislumbrar sonhos realizáveis...

 

Filha, tem alguns mistérios que somente se consegue saber, tanto de sua real existência, como de ensinamentos; se este for realmente vivido na existência de um.

Um destes é o de ser gerador de vidas.... Saberás quando for mãe!

 

O momento indescritivelmente feliz em minha existência é ter-me tornado pai. Que se iniciou no namoro, casamento, concepção e gestação deste fruto em amor que és tu.

 

Incrível, né! Eu sou pai. Está no meu DNA em ti, como certificação universal desta verdade. Algo que somente a espiritualidade pode nos dar condições de perceber e compreender.

 

Sim! Eu perdi muitos momentos que vivemos juntos e à distância, agarrei-me neles para não os esquecer; mas sei, que mesmo não presentes em minhas recordações, eu sei que em todos eles eu fui e sou seu pai e tu minha filha.

 

É! A eternidade existe e persiste. Uéh! Não seria tão óbvio se o óbvio em si não fosse óbvio.

 

Sim! O tempo é um amigo.

 

DAS UTOPIAS…
…Se as coisas são inatingíveis…
ora! Não é motivo para não as querer
Que tristes os caminhos, se não fora
a presença distante das
estrelas! ”

Mario Quintana

 

11/04/2022 - 12:14 – Ao sul do planeta Terra

Livro: Conversa franca com minha filha

Escritor Lúcio Alex. Belmonte