viernes, 10 de junio de 2022

OUSADAMENTE TÍMIDO

 

OUSADAMENTE TÍMIDO

 

Ousadamente tímido, perfaço o que faço; ouvindo a voz interior, quase sufocada por esta realidade escandalosamente gritante.

Depois de afogar-me nos silêncios de muitos e nos brados dos fracos; despeço-me dos lugares que nunca fui... Necessito de um choque de realidade!

 A liberdade de ser livre de tribo, na tribo é fundamental para não se achar o tal. Dimensionar-te na medida exata de quem tu és, és algo maravilhosamente gratificante; duma liberdade indescritível...   

 Embriaguemo-nos com a mais honesta falsidade, destas verdades condicionais que tanto amamos emitir e receber... doutrinações piedosas…

Somos frutos caídos aos pés de realizações esquecidas e fatos abomináveis recebidos, destes muitos e poucos anacronismos de eventos, de atos e fatos marcados por percepções errôneas; para “criarmos” diante dos outros; a mais honesta falsidade das verdades condicionais que tanto amamos emitir e receber... doutrinações caridosas…

Nesta infâmia histórica, da história que foi deturpada da essência, mas inflamada com interpretações convenientes. Preparamo-nos para irmos, sem termos o desejo de ficar por quereres outros...

Tantas reticências, resistências, lutas e conquistas para ser o que não somos, quem não somos, ou desejamos ser....

E nesta timidez ousada, apreciamos o passado, desfigurado por suposto, porque dele não fomos protagonistas, mas somente marionetes. Não aprendemos do passado tão presente; e assim mendigamos atenções; vivendo na distopia da indagação do presente, este tão ausente de presentes… presente de sermos nós mesmos.

E com nossas cicatrizes de batalhas cruéis travadas conosco mesmo, devoraremos informações que nos tornarão anêmicos intelectuais intensos, de espírito vaga-lume e de corpos subservientes às vontades castradas e ou dirigidas; se, e somente se, de outros dependermos para sermos o que nossa decisão propiciou sermos… 

Tornar-nos-emos o que queremos realmente ser…

Ousadamente tímidos; delinquentemente corretos; e vivenciados nas recordações… 

Sim!

Não sejamos estes carentes de realidades, que somente seguem as luzes de atos que já passaram, destes heróis de anabolizantes neuronais e varizes expostas, mas, que bradam a coragem de um salvador e covardias de outrem (salvados) ...

Outros sentirão esperanças com os farelos das realizações permeados no prato repleto de vazios. Sempre haverá os avaros por farelos para se justificarem diante de seus senhores... ou por eles... Senhores e servos...

Mas o problema de alguns tímidos é que esperam a transformação, mas não a provocam. Ser vítima pedinte dá mais crédito ou voto de caridade.

Necessitam de ousadia diante da morte, da existência que se lhes termina…

Tudo é uma questão de percepção, mesmo que demasiadamente tímidos sejamos diante de nós mesmos e de outros; o segredo da cumplicidade deve ser conquistado. Afinal, a beleza é poder compartilhar o final do dia…

Não se torne somente uma lembrança na vida de alguém, o querer deve ser, ser recordado; depois da partida evidente, saudades por terem vividos e compartilhado existências é o que nos faz imortais. 

Os que são recordados são os que recordam! ... 

O ato incontrolável de querer controlar o óbvio é algo absurdamente humano. Desnecessário, por certo, mas, humano... 

O óbvio é uma centelha divina que nos esclarece muito de quem somos e como somos...

Não tenhas medo; saiba que depois do naufrágio, terás que nadar para a ilha e manter-se vivo o máximo de tempo; tenha fé no resgate, mas, principalmente, saber que tu tens que nadar e manter-se por si e provavelmente por um longo tempo, vivo. Esforça-te e o medo irá...

Não dependa de outros para fazer o que podes fazer.

A imprudência de uma percepção pacata é terrível para a eternidade do presente.

Seja o náufrago que em meio aos seus amados escombros deixa-os e nada até a praia. 

Sejas primeiramente resgatado por ti mesmo. 

É impossível estar diante do Criador se tu não sabes nem ao menos quem tu és.

 

Seja quem está ou esteve em meio a tormenta, é quem sabe que não estava só. 

Um náufrago que necessitou ser plenamente sozinho para sobreviver e esperançoso em companhia da fé para propiciar um possível resgate. 

Pois, esteve em meio aos escombros em alto mar;

Sim! Naufragou e não morreu, não desistiu de ser; foi quem nadou por si mesmo até ao ponto firme conquistar e ativar a paciência da fé...

Não temer a morte, mas amor mais a vida; e redimir-se em sua existência. 

Fizemos coisas certas que deram errado, e coisas erradas que deram certo.

Quando discutimos com o óbvio nós nos perdemos de nós mesmos e nos distanciamos dos outros… Fizemos o que deu, e faltou algo para alguém. Fizemos até o que não deu, e sobrou para muitos.

Gostamos, amamos e confiamos, foi bom, fizemos de conta... e alguém mais vai pagar a conta. Foi ruim sim, realmente gostamos de termos tentado.

 

Recorda-te que todos nós somos sobreviventes; depois do período no qual fomos gerados, vivemos a nossa existência até a extinção, mas, que muitos, não serão esquecidos, mas aquecidos no coração da alma em recordações vividas…

 

Quisemos completar os nossos passos e ficou incompleto a caminhada.

O mal que fizemos, ficou perfeito.... Até errando se encontra a perfeição.... Lástima! ...

 

(Ousadamente Tímido - Livro: A Essência do Óbvio - Escritor Lúcio Alex. Belmonte).